Em Janeiro de 2022, o burnout foi reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como uma doença ocupacional, ou seja, relacionada ao trabalho. Em novembro deste ano, o Ministério da Saúde incluiu esse diagnóstico no CID (Classificação Internacional de Doenças), por meio de uma resolução que incluiu outras 168.
Mas como é possível adoecer fazendo algo que se gosta? Para a psicóloga Mônica Gurjão, a paixão pelo trabalho costuma ser justamente a porta de entrada para o burnout. “Começa com aquele sentimento de dar o máximo de si e a pessoa não vê limites. O trabalho invade a vida pessoal”, explica a especialista, que é doutoranda em psicologia social do trabalho.
A dificuldade de acesso a direitos, a desigualdade social e a insegurança impactam diretamente nas possibilidades de cuidados em saúde da população periférica. Algumas pessoas não aceitam o afastamento por medo de serem mandadas embora ou de não terem como se manter.
Os jovens das periferias acabam sendo especialmente impactados pelo burnout porque na maioria das vezes eles têm o trabalho informal como a única chance de inserção no mercado. Mas não só eles: pessoas negras e mulheres podem estar mais expostas ao burnout e com menos possibilidades de tratamento.
“O burnout é uma doença que denuncia problemas sociais, mas a discussão da doença ainda é elitista. A gente precisa discutir o burnout da trabalhadora doméstica, do flanelinha, do ambulante, do entregador e da mãe.
DICAS IMPORTANTES
1. Como identificar que estou em sofrimento? Alguns sinais e sintomas podem passar despercebidos, porque a pessoa costuma “segurar o rojão”. Por isso é importante ir ao médico, em especial se sentir ansiedade e aquele sentimento de estar sempre alerta e não desligar nunca. Entre os sintomas físicos estão: aceleração do coração; falta ou excesso de apetite; queda de cabelo; doenças na pele; excesso ou falta de sono; esquecimentos e apagões de memória; e mal estar súbito, como fraqueza ou falta de energia.
2. Quando ficar alerta? Para diagnóstico, o burnout necessariamente está associado a uma atividade de trabalho, mesmo que não remunerada. A doença se manifesta a partir de mais de um sintoma que persistem por no mínimo seis meses. Atenção para:
3. Busque ajuda: sentiu algum sinal ou sintoma? Procure a Unidade Básica de Saúde do seu bairro. Outra opção são as clínicas populares, universidades e Centro de Atenção Psicossocial (Caps)
4. Outras ferramentas de autocuidado Praticar atividade física, fazer atividades prazerosas e aproveitar espaços de lazer ajudam no autocuidado e prevenção do burnout. Estar atento ao excesso de cobrança e acolher esse sentimento também é um caminho.
Fonte: https://agenciamural.org.br/burnout-nas-periferias/